Pensa só:
Se balança o lenço
Sem senso
De vento
A dança sem sono
Sem sina
Sendo sonho
Samba o centro
Do açoite
Sentido
Há segundos
Passados,
Se a sombra
Se some,
Se assume
Essa dança
No solo absorto
De sangue
Um sussurro ou outro
Ao Erzuli, loa de
Suor e sossego,
Suor e sossego,
Se a dança semeia
Uma sorte na vida
Um doce sortido
Sacos de café,
Se a dança se revolta
Esmigalha a senzala
De suja cinzês
De certos passados
Que agora tem vez,
Se a dança se solta
Se salta
Se soa
Seu sinal
Sai do sulco
Que sobra
Da servidão,
Se sopra
O sibilo
Da brisa
Da chuva
Da seca,
Acerta-se
Sem sequer
Cerimônia
Como o som
Do sol
Em céu
De sempre,
Pensa só:
Dança só:
Dança soluços
Só dança.
nossa, sem palavras. Simplesmente maravilhoso. Ganhou-me completamente com este poema. Maravilhoso, parabéns. (dos seus posts - que sempre leio xD - fica com o meu 1º lugar. lindo mesmo)
ResponderExcluir(ah, além da aliteração em som de /s/ que ficou perfeita também. Tudo, tudo - estrutura, significado, expressão, sonoridade etc - muito bom)
ResponderExcluirJé, você é um amor, sabia?
ResponderExcluir"cometeu poesia" muito bem. adoro estes poemas verticalizados que não deixam de ser bonitos. me lembram coisa boa.
ResponderExcluirte encontrei na "good writing is sexy", e gostei daqui.
tô seguindo =], se quiser passa lá também:
http://baiucadobardo.blogspot.com/