quinta-feira, 23 de maio de 2013
Coube em mim o universo inteiro
de tanto não poder dormir
lembro que existe o mar e existe a Bahia
lembro da areia do Chile e de outras estradas rodadas
e lembro do cão
que vi se esgotar na terra batida
sob a carga de um caminhão brutamontes
as rodas manchando sangue pela rota
até se esquecerem.
e lembro do cão
o cão de pelúcia que me abraçava
quando eu, pequena, deitava na cama
e dormia de vez
como se por horas
piscasse
no pêndulo parado de um relógio.
de tanto ter que cedo acordar
não pude dormir
até o dado momento.
olhos abertos de olhos para cima
ao teto escuro, à janela fechada
olhos abertos como que fechados
achados no rosto, a serem perdidos
no sonho que não chega nunca.
o olho fechado
pensa estar bem aberto
como a mais nova luneta
de um planetário chileno
sob o controle apagado das luzes.
ali
é uma estrela?
não, é Netuno
nos meus pensamentos noturnos
de tanto não poder dormir.
Postado por
helena
às
23:40:00
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
poema
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Você é muito talentosa!
ResponderExcluir"não, é Netuno
ResponderExcluirnos meus pensamentos noturnos
de tanto não poder dormir."
gostei que só, de todo o poema.
flores.
Tem um filme que tem "as rodas manchando sangue pela rota". Você viu? Pietá, do Kim Ki-duk. Gostei muito de vir aqui. E acho incríveis os seus poemas.
ResponderExcluiresse eu não vi, celi, mas muito obrigada pela indicação e pelo elogio! :)
Excluir