Às vezes me pego a imaginar
Como eu seria
Se fosse outra
Não outra Helena
Não de outro sobrenome
-- Ainda meu resto de Itália
Meia e última porção de Turquia
Que eu fosse assim
Desse jeito exatamente
Uma ou outra diferença
Que eu fosse assim
Um assim bem só no básico
O castanho dos cachos, o nariz de batata
As unhas redondas e o pé trinta e sete
Que eu me fosse Guiomar
Ainda o castanho
Ainda a batata
Mesma curva e mesmo número
Talvez com pintura nos olhos
Talvez com pulseira e relógio
Fosse eu a Ariel
Um coque amarrado
Um tique nos cílios
Os braços com maciez de algodoal
E se me chamasse Rita
Um sotaque escancarado
O cabelo de promessa
A piscadela ligeira
O jeitinho de formiga
Dobrada a esquina
Incerteza no passo de pano molhado
Depois da chuva vespertina
Uma moça mediana de pé trinta e sete
Nem tão-linda nem bem-feia
Espera o minuto do semáforo
Ela atravessa
Eu viro a rua Oriente
Ela olha sem querer e vai embora
Ninguém sabe o nome dela
Quem é, quem fora
Como sorri e como chora.
Como diziam os manos de cá, se minha vó tivesse quatro rodas ela seria um jipe.
ResponderExcluirTá na hora de atualizar o endereço do meu blog ali na lista. O novo-quase-velho-já: http://luizliborioalves.blogspot.com/
Beijo procê.
O que é o trivial? O nome, a fala, a boca?
ResponderExcluirQuem?... Helena? Rita? Ariel?
Sinto saudades do olho, do olhar desconfiado e agressivo. Sinto saudade do sorriso da boca torta, da sua lágrima escondida...
trival éo planeta inteiro ajudando um ao outro
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