provei
um vestido de seda
com
cheiro de amêndoas
e
dele vesti-me
em
seus tons de azul
como
se me fosse a própria pele
e
os ares fossem meus
(quem
dera!)
eu
que sou moça fuleira
nunca
havia feito dessas
de
vestir roupa de festa
e
olhar
fundo
nos
olhos do espelho
onde
o direito é o esquerdo
onde
assim vai, aos reflexos
e
se esvai
bem
como aprovei
a
trama daquele tecido
desprovei,
tirei, dobrei de volta
não
porque seja fuleira
mas
porque veio a lembrança
de
tudo que gosto na vida
vestido
bom é aquele
que
escreveu Carlos Drummond
com
a roupa de escritor
feita
sob medida
para
sua humana assimetria
que
transforma
até
mesmo
assinatura
em
poesia.
de nada valem esses espelhos que refletem pele. bom mesmo é aquele espelho guardado por dentro, onde apenas nós mesmos sabemos o que temos.
ResponderExcluirflores.