Pois Recife é também meu lar, mas só o é por ser Vida para minha casa. Minha casinha, a passos ansiosos, me levou até Recife, mesmo com alguns atropelos e pausas no caminho. Foi-se o tempo em que corríamos para tudo quanto é canto do mundo - porque afinal, para crianças, um ou dois centímetros já são gigantes mundos. Agora a gente tem fome. Fome de mundo, fome de dias, fome de êssencia, fome daquele tempero verdadeiro, que não precisa de sal: já se gusta por si só. Mas preciso da minha casinha por perto, pois ela passeia comigo. Às vezes se enraiza, é certo. Mas costuma acompanhar-me. É de muito belleza minha casinha. Toda amarela, com estrelas vermelhas em alguns cantos, meu lar vezenquando se camufla, mas isso é só porque é uma casa no campo. Está ficando escuro e o vento frio se achegando, abre a porta pra mim? Sinto falta de teus ideais, do sofá que guardas para mim, da escarola que me serves à contragosto. Sinto falta de tuas birras, porém mais ainda sinto falta de tuas andanças cantantes, quando acompanho teus caminhos por nossa janela.
Casinha tão bella, de margaridas em parapeito, e veranesca paixão, só queria de avisar que gosto de, pela nossa janela, olhar o teu andar que se faz nosso, por entre política, gastronomia, cinema e futilidade. Pensa só, Casinha que tanto amo: agora o inverno já foi-se, por enquanto é tempo de Sol, Saias Rodadas, Dilma, Olinda - Tu Tão Linda. E se ainda não for tal época, se atranquila, a nossa estação há de chegar logo. Pois verão é tempo de janelas abertas, portas destrancadas, passeios na praça, pipoca e sorvete. Tempo de férias, tempo de comemorar novos anos em viagem (essa tal viagem de sempre que, pode parecer ingenuidade, mas tem pezinhos andarilhos por entre tantos mares, tantas ervas-daninhas. Por entre tanta orquídea, por entre o cão risonho da maior negritude que acompanha o passo do tal "eu e você-minha-amiga"). Temporada de Casa no Campo. Onde, como já diz Elis, eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais. Isabella, obrigada por me abrigar sempre, por ser assim "a certeza dos amigos do peito e nada mais". As margaridas que me perdoem, mas minha Casa no Campo é recheada de mandacarus. Talvez eu tenha sumido em algumas estações, mas o inverno e o outono são sempre um pouco mais complicados, e acho que você partilha da mesma opinião. Acho que preciso visitar mais - muito mais! - minha Casa no Campo, tão linda e charmosa que ela é! Obrigada por tudo e feliz aniversário."
(12/11/2010)
nossa Zelic! ficou muito muito bom esse! *---*
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