Um minuto é muito tempo
Pra silêncio
De vogais
Silenciar vogais
É silenciar oração
Discurso, interjeição
Dos seres vivos deste mundo
Silenciar vogais
Leva consigo o som
De toda consoante
Dos seres vivos deste mundo
Não faço um minuto de silêncio
Porque choro é tom vogal
E soluços também se vogalizam
O leite de teus seios, mulher
É vogal tal qual
A erupção do estômago
Teu bocejo antes de apagar a luz
O ínfimo toque entrepasto
Dos dentes caríticos de um cavalo
E o berro bem ouvinte da vaca
Em rótulas parindo o quarto bezerro
São todos vogais por serem
Não vagais mas, entrelinhas
Voz de ser vivo
Silenciar vogais de máquina
É como tirar, não doce, mas rúcula
Da boca da criança
Maquinaria é consonantal
Não quero silenciar minhas vogais
En cuanto en la Ruta 7
Se quilometra o motor
De consoantes mortes
Vogal
O farfalhar minúsculo dos cílios
O rangido torcicólico quase inaudível
Do pescoço astrônomo e do girassol
Vogal
Do cão, o latido
A língua para fora
Bambolê entre as rodas de um caminhão
A ossada espremida
Vibrando no corpo
O ganido vogal da própria língua
E a benzamorte insistindo na agonia
Uns metros na frente
O império das rodas
Caminhonesca rota de sangue
O incessante zumbido dos érres.
Esses seus poemas são tão originais que não tenho muito o que dizer.
ResponderExcluirBem, eu recebi um selo de recomendação e, nas regras de repassá-lo, o passo a você, porque com toda a certeza teu blog é recomendável.
http://tripudie.wordpress.com/selo-1/