"Dorme a cidade / Resta um coração / Misterioso / Faz uma ilusão / Soletra um verso / Lavra a melodia / Singelamente / Dolorosamente / Doce a música / Silenciosa / Larga o meu peito / Solta-se no espaço / Faz-se a certeza / Minha canção / Réstia de luz onde / Dorme o meu irmão"
O sol desmaiou. Daqui a pouco ele volta, é só esperar mais umas dez, onze horas. Enquanto isso, tem outras faíscas por aí, para entreter e manter. No tronco em chamas, choros, histórias; no queijo abrasado, desses mineiros mesmo; no cobertor xadrez e nas mãos maternas. Nos cabelos dessa gente bonita minha. Enquanto isso as infantes moçoilas, outrora rodopiando entre frescores e grama, limpam os pés no tapete de entrada - "Bem vindo!" - e falam sem parar, entre um baralho ou outro, entre mínimos tecos de doce furtadinhos de pouco em pouco.
Agora é tempo de rede, mas alguns ainda estão a janelar - sempre é tempo de janelar, convenhamos. Essa gente aqui gosta de contar suas histórias, ainda mais de cotovelos ao poente rural. Agora não é amarelo nem azul, agora é coisa do mais verdadeiro diabo (só pode ser), nem fotografia guarda porque os focos são múltiplos, são abertos, são a difusão de um horizonte. Espera um pouquinho, oras. Pois o fogo é feito em turnos, mas o do tal agora não atrasa, não - Sol, fogueira, humanidade. Qualquer coisinha, é só isso: a gente se agarra e vira fogo mútuo, ê amizade. O agora tem céu degradê, mas ainda esquenta. Aproveita o céu de agora, que daqui a pouco ele se esvai, o vento leva (esse vento insiste em levar prazeres, ideias, lembretes, pois é). Não te preocupes, bela moça. Do nosso fogo, esse fogo bonito e solidário, desse mesmo: fazes parte dos próximos turnos.
(06/09/2010, Cordisburgo, Minas Gerais)
http://pobrebicho.blogspot.com/2010/09/sim_14.html
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