Um minutinho aqui, um instantinho acolá, cadê os bichos desse mundo marmoso? E o burrinho destas pedras nossas (afirmo-me bicho das antigas também, agora), onde está ele? As resinas luxuriosas, a bebida do lago, o céu no mar, amar, o sabor suave de doce de abóbora? Fugiram todos e fiquei aqui onisciente. Os bichos sentiram medo, apego, em seguida apego ao medo, e encrustaram-se à parede - para quê roubar nosso canto, bigodudos sem questionamentos? Gruta, entrega-te a Rosas e àqueles que, como rosas, entregam-se a ti.
Na gruta, a sombra dos bichos existe no silêncio escuro. O mar de mármore, no teto, nervoso, aquietou-se para acobertar os bichos, quando eles se esconderam dos invasores descoraçados e se tornaram animais. Há vida quando se exclama ou pinga. Os animais agora parecem eternidade, camuflados de pedra, fazendo-se coluna e muro - morte? Vez ou outra, quando não há gentes despetaladas em volta, os animais dão uma piscadela, ou pingam resina de desejo. Bichos. Os bichos da Gruta do Maquiné, pura interpretação do ser concreto. Tem quem veja e entenda, é vero, essas fantasias da humanidade, pensam outros.
Eu lembro que você me disse que tinhamos escrito coisas opostas no mesmo dia, assim que você usurpou meu diário e eu o seu. HE. Mas, afinal, o que seria do rosa se todos gostassem do azul? [meu pai fala isso...]
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