domingo, 5 de dezembro de 2010

Camaleônico


"Com desperdício de cores
Selo o fim dos meus amores"
(Thiago de Mello)

I
Sob o sol meu olho é verde
Em dilúvio ele se azula
Ao te ver ele se perde

Cai a tarde, vira anil
Em milímetros de poente
É um carmim que ninguém viu

Em invernos é magenta
Aos holofotes, encastanha
A teus trejeitos se atenta

Em casa de vó é pura turquesa
Pelo trânsito se acinzenta
Se te mira, és tu minha presa

Com abajur é todo preto
Em luar-pérola, cor de mel
De olho fechado eu te vejo.

II
A insensatez ainda é oblíqua
Pois a miopia impera:
O que o olho mira em mim não fica

Basta!, tanta ladainha me horripila
Meus próprios olhos eu não vejo
Prefiro enxergar mundo, tua íris e pupila.

2 comentários:

  1. tentar ver-se nos olhos d'outros é coisa engraçada, experimenta.



    É esse o poema do fim da crise ou ainda tem mais?

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  2. esse é pós-fim-da-crise. eu falei, eu falei, eu precisava urgentemente de férias. ainda bem que elas chegaram.

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