segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aquilos que nos são triviais

Às vezes me pego a imaginar
Como eu seria
Se fosse outra

Não outra Helena
Não de outro sobrenome
-- Ainda meu resto de Itália
Meia e última porção de Turquia

Que eu fosse assim
Desse jeito exatamente
Uma ou outra diferença

Que eu fosse assim
Um assim bem só no básico
O castanho dos cachos, o nariz de batata
As unhas redondas e o pé trinta e sete

Que eu me fosse Guiomar
Ainda o castanho
Ainda a batata
Mesma curva e mesmo número
Talvez com pintura nos olhos
Talvez com pulseira e relógio

Fosse eu a Ariel
Um coque amarrado
Um tique nos cílios
Os braços com maciez de algodoal

E se me chamasse Rita
Um sotaque escancarado
O cabelo de promessa
A piscadela ligeira
O jeitinho de formiga

Dobrada a esquina
Incerteza no passo de pano molhado
Depois da chuva vespertina
Uma moça mediana de pé trinta e sete
Nem tão-linda nem bem-feia
Espera o minuto do semáforo
Ela atravessa
Eu viro a rua Oriente
Ela olha sem querer e vai embora
Ninguém sabe o nome dela
Quem é, quem fora
Como sorri e como chora.

3 comentários:

  1. Como diziam os manos de cá, se minha vó tivesse quatro rodas ela seria um jipe.

    Tá na hora de atualizar o endereço do meu blog ali na lista. O novo-quase-velho-já: http://luizliborioalves.blogspot.com/

    Beijo procê.

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  2. O que é o trivial? O nome, a fala, a boca?
    Quem?... Helena? Rita? Ariel?
    Sinto saudades do olho, do olhar desconfiado e agressivo. Sinto saudade do sorriso da boca torta, da sua lágrima escondida...

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  3. trival éo planeta inteiro ajudando um ao outro

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