domingo, 11 de agosto de 2013

Dedicatória

A ti os tomates vermelhos
que escorrem, líquidos,
das pernas.
A ti, inteira, a flor
e semente e caule
e genitália oculta
entre o odor do pólen.

E os mares e a lua
(a ti!) e o sol e estrelas
e tudo que for gigante
que amantes prometem
para falar bonito,
mas nunca vão dar.

Eu não. Dou-te o que
tenho e alcanço
um livro do Graça,
cadernos de capa dura
e maria-moles da feira de doces
na biquinha de Santos
quando nos sobram centavos
para sairmos em curtas viagens.

Se eu pudesse e quisesse
te daria de um tudo,
em um tipo de amor assim
meio megalomaníaco
que às vezes me assusta
no amor pouco que vejo
nos lábios dos outros
pelo tempo do entre-aulas.

Não tenho de muito,
nem faço barganhas.
Não quero comprar-te
na base de anéis e relógios.
Te dou o que posso,
o que me dá vontade
e recorda-me de ti.
O resto eu dedico,
desejos futuros,
e assino embaixo
para que não esqueças
de quem veio tamanho presente
incoerente e solúvel
nas fibras desta folha de papel.

A ti, todo o carinho do mundo
e mais um pouco,
que é para dar sorte.
Beijos,
Helena.

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