segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Bandidagem


Tlic. Tlec.
- Vó, acabou a luz.
- ;
Tlictlectlictlec.
- Ô vó!
- ...hm?
- Cabô a luz...
Tlictlectlictlec.
- Viu?
- Hoje saiu a lua, querido. Assim grandona. A lua não tem chama, ela é de frieza brilhante, toma os flashes emprestados e fica lá bonita, só chamando a gente. De onde você acha que ela rouba a luz?
- ;
- Abra a janela, vá lá.
- Pra quê, vó?
- Não queres luz? Vá lá e pegue um pouco emprestado. Guarda nos olhos um reflexo de mundo, que assim você vive por mais tempos.
Nhec. Janela emperrada é de desuso. Pó; trincas com trejeitos de envelope.
Abriu. Cartas são coisa de beleza cursiva, beleza de fibra.
(A lua é uma rosa branca, dessas que desabrocham que nem curiosidade de menino. É jaboticaba, tal qual curiosidade de menino, que pela manhã macaqueia na árvore de raiz noturna, uma raiz gigantesca que cobre o céu e forma um ninho. Esse mundo-ninho, mundo-moinho.)
- E quando a luz volta, vó?
- Logo pela manhã, tem sol por essas bandas, iluminando casa, rua e pálpebra. Afinal, com aquele calor todo, quem você acha que assa nossos pãezinhos toda manhã até deixá-los dourados?

4 comentários:

  1. NOOOOSSA FUCK YOU MUUUITO.
    nadadetripaspravocê

    ResponderExcluir
  2. Nem sequer terminei de ler um texto seu e já corri ali para o botãozinho de "seguir". Escrita excepcional, parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Adorei, lindo e profundo.
    Estou seguindo é claro, beijos!

    siga: http://ideologiasparaviver.blogspot.com

    ResponderExcluir