terça-feira, 4 de junho de 2013

As linhas das mãos

as mãos não eram,
desde o princípio,
de todo, mãos.
às mãos de minha mãe
não custava levar-me ao colo
quando eu era criança.

mas as suas são diferentes,
as suas mãos,
mãos de cinco dedos
cinco unhas
cada uma
são as mãos somente suas
que te fazem fazer
tudo aquilo que faz
e de mil propósitos me encanta.

porque de todo o tempo
que juntos passamos,
cresceu sobre nós
de maneira inexplicável
o tamanho de nossas mãos
e cada qualquer motivo
para suas novas funções
que nos felicitam em dias
de chuva.

suas mãos,
imperfeitas e tortas,
de dedos delgados,
avançam e agarram
me dão de comer
nas horas que peço.

como se fossem
mãos de cetim
desfiando, aos poucos,
as linhas da vida
em meu corpo inteiro
e nu de destinos.
até que eu nunca pense
nem chegue a morrer.

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